através da janela,
praça, bancos,
praça, bancos,
folhas, caminhos...
a paisagem se amarela
vejo pela janela,
folhas desgarradas de
galhos,
que voam como se
chovessem
chuva amarela
folhas aterrissam:
amarelam o parque,
sonorizam os passos
dos passantes
que se amarelam ao
passar
amarelam a paisagem
que meus olhos,
amarelados, admiram
através da janela
amarelo sem luz do sol
e com o cinza do céu,
se acinzenta...
amarelo nublado
a claridade do amarelo-outono
destaca do cinza-outono
a morbidade
e inaugura um ritual
de passagem
o vento sopra
o amarelo voa
o vento passa
o amarelo pousa
o amarela acarpeta o
solo,
o tapete amarelo
cobre a superfície
que se amarela
da janela,
também me amarelo
no mesmo tom
do tempo que passa lá
fora
tom de amarelo
que prenuncia tempo
marrom
dia que se põe
amarelado,
vai renascer
amarronzado.
Berlin, 22 outubro de 2012
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