CINZA

No céu, o cinza pesa
Tonalidade uniforme e sólida
O ar parado e concretizado
Me solidifica

Fica... fico qual estátua
Estatelada na cama
Esperando o chamado do sol
Que não chama

Minha alma de galinha ainda
Aguarda a luz para o cacarejo
Cinza no quarto, na sala, na cozinha
No espelho acinzentado, me vejo

Cinza! Cinza! Cinza!
Todas as cores são lindas
Mas qualquer uniformidade
Desarmoniza...

Para resistir
Me visto em cores
E me aventuro
Onze graus afora

Frio ventado, vento esfriado...
A paisagem acinzentada
Embute detalhes e formas
Na moldura mono-cinza-cromática

Corro em busca de luz,
calor, ação, energia
Me movo e afeto o ar,
que afetado me contagia

Correndo atravesso a névoa
E repinto meu olhar,
que recomposto dos cinzas,
Vê cores onde não há.

É preciso investir e investigar
Dentre as opções de mim
Qual pode se harmonizar
Com esse lado cinza de Berlim...

2 comments:

  1. Parabéns pelo texto. Gostei muito. (Por pouco não fui ao workshop de Edinburgh, mas estava a trabalhar...)-http://worldtheatre.blogspot.com;
    http://mularuge.blogspot.com

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